quinta-feira, 19 de abril de 2012

Azarão nas finais de Goiás, Evair diz ter dado tempo em sonho de assumir o Palmeiras

Ex-jogador Evair em sua versão treinador: atualmente comanda o CRAC, de Goiás
Ex-jogador Evair em sua versão treinador: atualmente comanda o CRAC, de Goiás


O banco de reservas do intruso nas finais do Campeonato Goiano deste ano tem a presença ilustre de Evair, engatando um novo princípio de trabalho como treinador.

O antigo goleador comanda o CRAC, da cidade de Catalão, classificado às semifinais com a terceira melhor campanha. Diante da possibilidade de ganhar o primeiro título na função, em duelo com as forças tradicionais da capital, o ex-centroavante apresenta discurso de um iniciante realista e diz ter deixado de lado o romantismo, principalmente sobre o sonho de assumir o Palmeiras.

EVAIR NO FIM DA FILA                       

Evair converte pênalti na decisão do Paulista de 1993 e se                                                                                                                             afirma como ídolo para os palmeirenses

Folha Imagem/ArquivoÍdolo de uma década vitoriosa do Palmeiras, Evair carrega no pós-carreira a reverência da torcida alviverde, pontuada por assédio de torcedores e pedidos para voltar ao clube, agora como treinador.

O antigo camisa 9 admite que teve esse pensamento como incentivo no princípio da nova carreira, mas, agora, prefere não desviar o foco do trabalho atual em clube pequeno.

"Desde que eu encerrei minha carreira eu ouço isso [pedidos de palmeirenses para ser técnico do time]. A gente não leva tanto em consideração. Existe uma consideração muito grande deles, e minha por eles. Mas no futebol existem o tempo e a realidade, que fizeram com que eu deixasse de ser tão romântico. Não depende da vontade do torcedor, nem da minha. São coisas que fogem da minha alçada. Pensei muitas vezes nisso, mas já não falo com aquele romantismo de antigamente", disse Evair em entrevista ao UOL Esporte.

Com Luxemburgo, Felipão e Emiliano Mondonico (treinador de Evair na Atalanta-ITA nos anos 80) como inspirações mais claras na função como técnico, o ex-jogador trabalha a nova carreira com um planejamento de moderação, sem pensar em queimar etapas.

"Projetei justamente isso para a minha vida, começar por um time pequeno, como foi na minha vida como jogador. Nunca foi muito fácil. Espero que aconteça naturalmente, sem muito desgaste", afirma o técnico de 47 anos.

Dono da terceira melhor campanha da primeira fase, o CRAC enfrenta na semifinal o Atlético-GO, único representante do Estado na elite do Brasileirão. Vila Nova e Goiás fazem o outro confronto. Evair reconhece a condição de "zebra" da sua equipe e diz que o resultado nas finais depende de um bom desempenho no jogo de ida em casa, no estádio Genervino da Fonseca, a 250 km da capital.

"O CRAC é tido como azarão dessa situação aqui. O Atlético é o favorito. A gente precisa saber jogar contra eles, tirar resultado positivo dentro de casa. Temos uma boa oportunidade de mostrar nosso trabalho. Temos que tirar proveito", comenta.

HISTÓRICO NO FUTEBOL GOIANO E POLÊMICA EM AMERICANA

O trabalho com o CRAC neste ano não é o primeiro da carreira de Evair como treinador. Ele já acumula alguma experiência no futebol goiano. O ídolo palmeirense estreou na função em 2004 com o Vila Nova e foi derrotado na decisão estadual daquele ano, justamente pela equipe que hoje tem em mãos.

Depois de um hiato fora dos campos, Evair voltou a exercer o papel de treinador em 2008, levando o Anápolis às semifinais em Goiás. No ano seguinte, ficou de novo entre os quatro melhores do Estado, em sua primeira passagem pelo CRAC.

Em seguida vieram passagens mais breves e menos exitosas por Itumbiara (GO) e Uberlândia (MG), que precederam a atuação de Evair como auxiliar de Sergio Guedes no Americana. Nesse trabalho específico o ex-atacante protagonizou um desligamento polêmico: foi dispensado após o presidente do clube exigir a escalação de um atleta.

"Essa interferência já existe há muitos anos. Não aconteceu só aquela vez, existe até hoje. Os empresários levam o treinador, pedem para determinado jogador jogar. Infelizmente isso acontece. Não é à toa que o nosso futebol é hoje o quinto do mundo, com tanta gente na frente", desabafa.

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