Ex-jogador Evair em sua versão treinador: atualmente comanda o CRAC, de Goiás
O banco de reservas do intruso nas finais do Campeonato Goiano deste
ano tem a presença ilustre de Evair, engatando um novo princípio de
trabalho como treinador.
O antigo goleador comanda o CRAC, da cidade de Catalão, classificado às
semifinais com a terceira melhor campanha. Diante da possibilidade de
ganhar o primeiro título na função, em duelo com as forças tradicionais
da capital, o ex-centroavante apresenta discurso de um iniciante
realista e diz ter deixado de lado o romantismo, principalmente sobre o
sonho de assumir o Palmeiras.
Evair converte pênalti na decisão do Paulista de 1993 e se afirma como ídolo para os palmeirenses
Ídolo de uma década vitoriosa do Palmeiras, Evair carrega no
pós-carreira a reverência da torcida alviverde, pontuada por assédio de
torcedores e pedidos para voltar ao clube, agora como treinador.
O antigo camisa 9 admite que teve esse pensamento como incentivo no
princípio da nova carreira, mas, agora, prefere não desviar o foco do
trabalho atual em clube pequeno.
"Desde que eu encerrei minha carreira eu ouço isso [pedidos de
palmeirenses para ser técnico do time]. A gente não leva tanto em
consideração. Existe uma consideração muito grande deles, e minha por
eles. Mas no futebol existem o tempo e a realidade, que fizeram com que
eu deixasse de ser tão romântico. Não depende da vontade do torcedor,
nem da minha. São coisas que fogem da minha alçada. Pensei muitas vezes
nisso, mas já não falo com aquele romantismo de antigamente", disse
Evair em entrevista ao UOL Esporte.
Com Luxemburgo, Felipão e Emiliano Mondonico (treinador de Evair na
Atalanta-ITA nos anos 80) como inspirações mais claras na função como
técnico, o ex-jogador trabalha a nova carreira com um planejamento de
moderação, sem pensar em queimar etapas.
"Projetei justamente isso para a minha vida, começar por um time
pequeno, como foi na minha vida como jogador. Nunca foi muito fácil.
Espero que aconteça naturalmente, sem muito desgaste", afirma o técnico
de 47 anos.
Dono da terceira melhor campanha da primeira fase, o CRAC enfrenta na
semifinal o Atlético-GO, único representante do Estado na elite do
Brasileirão. Vila Nova e Goiás fazem o outro confronto. Evair reconhece a
condição de "zebra" da sua equipe e diz que o resultado nas finais
depende de um bom desempenho no jogo de ida em casa, no estádio
Genervino da Fonseca, a 250 km da capital.
"O CRAC é tido como azarão dessa situação aqui. O Atlético é o
favorito. A gente precisa saber jogar contra eles, tirar resultado
positivo dentro de casa. Temos uma boa oportunidade de mostrar nosso
trabalho. Temos que tirar proveito", comenta.
HISTÓRICO NO FUTEBOL GOIANO E POLÊMICA EM AMERICANA
O trabalho com o CRAC neste ano não é o primeiro da carreira de Evair
como treinador. Ele já acumula alguma experiência no futebol goiano. O
ídolo palmeirense estreou na função em 2004 com o Vila Nova e foi
derrotado na decisão estadual daquele ano, justamente pela equipe que
hoje tem em mãos.
Depois de um hiato fora dos campos, Evair voltou a exercer o papel de
treinador em 2008, levando o Anápolis às semifinais em Goiás. No ano
seguinte, ficou de novo entre os quatro melhores do Estado, em sua
primeira passagem pelo CRAC.
Em seguida vieram passagens mais breves e menos exitosas por Itumbiara
(GO) e Uberlândia (MG), que precederam a atuação de Evair como auxiliar
de Sergio Guedes no Americana. Nesse trabalho específico o ex-atacante
protagonizou um desligamento polêmico: foi dispensado após o presidente
do clube exigir a escalação de um atleta.
"Essa interferência já existe há muitos anos. Não aconteceu só aquela
vez, existe até hoje. Os empresários levam o treinador, pedem para
determinado jogador jogar. Infelizmente isso acontece. Não é à toa que o
nosso futebol é hoje o quinto do mundo, com tanta gente na frente",
desabafa.
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