segunda-feira, 4 de junho de 2012

Prefeitura investigada por fraudes em contratos milionários Funcionária responsável por licitações burlava processos para favorecer prestadores de serviços. Mulher morta ganhou várias licitações na prefeitura.



      A Prefeitura de Catalão, mais uma vez, está ocupando as manchetes negativas dos jornais. A Polícia Civil, por meio da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes contra Administração Pública (Dercap), está investigando um esquema de fraude em contratos milionários firmados entre a Prefeitura e empresas prestadoras de serviço, que teria como pivô a presidente da Comissão de Licitação da prefeitura, Karla Rosane Rabelo.
      Segundo a Polícia Civil, Karla é a responsável por permitir que uma centena de processos licitatórios fossem executados de forma duvidosa. De acordo com o delegado Jerônimo Rodrigues Borges, que está cuidando do caso, a prefeitura de Catalão está sendo investigada por diversos contratos irregulares firmados com cerca de 30 empresas. Um dos problemas detectados foi que o Paço Municipal fechou contrato com duas empresas diferentes, mas que funcionavam no mesmo prédio comercial.
      Também é alvo de investigação o contrato com a MJ de Carvalho, que pertence ao ex-jogador do Crac Ronaldo “Pato”. A empresa está funcionando com procuração no nome da mãe dele, que faleceu em 2009. “Sabe-se bem que a morte extingue a procuração. Toda empresa tem sua assessoria jurídica e teria obrigação de orientar que aquela procuração não tem mais validade e está funcionando de forma irregular”, argumentou o delegado, que deve ouvir Ronaldo e proprietários das demais empresas envolvidas no esquema fraudulento, ainda essa semana.
      Também chamou a atenção do delegado a contratação de funcionários para prestar serviço de limpeza na cidade enquanto a prefeitura já dispõe de 42 servidores que exercem a atividade. “Questionei a Karla (responsável pela seção de licitação da prefeitura) sobre isso e ela me disse que a cidade é grande e precisava de mais funcionários”, disse o delegado.
      No entanto, segundo ele, em casos de aumento de demanda, o correto é realizar concurso público para contratação de novos servidores. “O que faziam na prefeitura era contratar empresas para complementar esse serviço sem licitação. E é previsto em lei que isso só poderia ser feito se o valor do serviço fosse de até R$ 8 mil, o que não era o caso”, afirmou.
      Além das inúmeras irregularidades nos contratos, a funcionária do prefeito Velomar Rios (PMDB) pode responder processo pelo crime de tráfico de influência, já que o pai dela é advogado de uma cooperativa na cidade que também mantém contrato com a prefeitura. “Isso será objeto de análise e se for necessário, vamos chamá-la novamente para depor”, afirmou o delegado.
      As novas denúncias envolvendo a prefeitura complicam ainda mais a vida do prefeito e do seu antecessor e presidente regional do PMDB, Adib Elias. Recentemente, o Ministério Público Estadual desarquivou ação civil pública para apurar a ligação da Delta Construções, braço empresarial dos esquemas ilícitos de Carlinhos Cachoeira, com a prefeitura de Catalão. Documentos levantados junto ao Tribunal de Contas dos Municípios comprovam que a Delta atua em Catalão desde 2003.
       O ex-diretor da empresa na região Centro-Oeste, Cláudio Abreu, que está preso no presídio da Papuda, em Brasília, era muito próximo do PMDB de Catalão. Além de ser visto constantemente com Adib e Velomar, Cláudio atuava como arrecadador de recursos para as campanhas peemedebistas. A mãe do ex-executivo da Delta, inclusive, foi chefe de gabinete da ex-deputada Adriete Elias, mulher de Adib.

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